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OPINIÃO: A fundação de Santa Maria

Nossa região vem sendo local de assentamentos humanos desde tempos imemoriais. Pesquisas efetuadas por professores da UFSM demonstraram a existência de sítios arqueológicos de populações ameríndias nessa região. O homem branco chegou por aqui muito depois. As primeiras notícias datam de 1634, quando o padre jesuíta Adriano Formoso estabeleceu uma redução que denominou S. Cosme e S. Damião. Segundo descrições existentes nos documentos da coleção De Angelis, compilados por Jaime Cortesão, o local corresponderia ao Campestre do Menino Deus, pois o padre Francisco de Avendaño, cura da redução de S.Luiz, em documento datado de 1698, refere o achado de tijolos, paredes e esteios da antiga casa do padre Adriano, justamente naquele local, fechado por montanhas por todos os lados e tendo o rio Vacacaí Mirim na sua única entrada.

Ali foi estabelecida uma invernada, depois de ingentes trabalhos de desmatamento realizado por 15 índios comandados por Lorenzo Abayebi ("gran Baquero") e que, 30 anos antes, havia aberto uma picada na serra (subida do Perau) para o manejo das boiadas existentes nas planícies gaúchas, que ficou conhecida como Estrada Real das Vacarias do Mar. Essa invernada, destinada ao descanso das tropas que subiam a serra para alimentação das populações dos 7 Povos, pertencia a uma estância de propriedade da redução de S. Luiz, que atingia vasto território, indo desde o sopé da Serra Geral (Monte Grande) até Caçapava, nas nascentes do Vacacaí Grande, englobando territórios que hoje pertencem aos municípios de São Gabriel, São Sepé e Santa Maria. Essas estâncias se destinavam a juntar o gado xucro que vagava nas pradarias gaúchas e uruguaias, desde a retirada dos primeiros jesuítas, em 1638-39, acossados pelos bandeirantes que aqui vinham prear os índios reduzidos para leva-los para São Paulo como mão de obra escrava.

Nessa invernada de S. Luiz, os índios construíram três galpões e um oratório. Muito provável que daí se originasse o nome de Oratório de Santa Maria, conhecido dos viajantes que por aqui passavam, muito antes da chegado dos portugueses. O Rio Vacacaí Mirim servia de divisa entre as estâncias pertencentes aos povos de S. Luiz e S. Miguel, existindo documentos das disputas que se originavam dessa vizinhança.

Com a expulsão dos jesuítas, todas essas pradarias começaram a ser povoadas por portugueses, ávidos das riquezas oriundas da exploração dos imensos rebanhos vacuns e cavalares ainda existentes. A Coroa portuguesa começou a doar sesmarias aos súditos que se propusessem a fixar residência permanente e defende-las das investidas espanholas.

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